Revista da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo

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Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo - Online first: 2021-06-06
Original article

GESTATIONAL DIABETES – HOW HEAVY IS OBESITY?

Joana Ribeiro, Carolina Mendonça, Mariana Gamito, Bruna Abreu, Ana Figueiredo, Filipa Caeiro, Naiegal Pereira, Njila Amaral

Abstract

Introduction: Both obesity and gestational diabetes (GD) are independent risk factors for several pregnancy complications and neonatal adverse outcomes. With a growing incidence of metabolic syndrome, there is an increasing number of pregnant women with GD and obesity simultaneously. The objective of this study was to compare obstetric and perinatal outcomes between two groups of pregnant women with GD – Group 1 (G1) with normal body mass index (BMI) – 18.5-24.9 Kg/m2 – and Group 2 (G2) with obesity – BMI ≥30 Kg/m2. Methods: It was a retrospective, comparative study between both groups (G1, n=284; G2, n=235). Inclusion criteria were: unifetal pregnancies with GD with surveillance in our institution between 2012-2018, excluding incomplete files. From this group we selected women with normal BMI and with obesity. The analyzed parameters were demographic data, first-degree diabetes family history, previous GD and previous fetal macrosomia, gestational age at diagnosis of diabetes, weight gain during pregnancy, maternal, fetal and neonatal complications, metabolic control and therapy required, delivery and reclassification test. In the statistical analyses (p<0.05 as level of significance) we used the Chi-Square, Fisher, Kolmogorov-Smirnov and T-test. Results: G2 had more 1st degree diabetes family history, previous GD and previous fetal macrosomia (46 vs 31%, 16 vs 6%, 11 vs 4%, p<0.05). In G2 diagnosis of GD was earlier (p<0.05), excessive weight gain was higher (36 vs 13%, p<0.05), metabolic control was harder to achieve, needing pharmacological treatment in 53 vs 24% in G1, p<0.05. Chronic hypertension was more common in G2, but without statistical significance regarding preeclampsia. Gestational age at delivery was similar but G2 had more cesarean (37 vs 23%, p<0.05). G1 was associated with low birth weight (10 vs 5%, p<0.05), while G2 offspring had more macrosomia (8 vs 1%, p<0.05), neonatal hypoglycemia and respiratory distress syndrome, but admission to neonatal care unit was similar between groups. No differences were found in post-partum reclassification oral glucose tolerance test (OGTT). Discussion and conclusion: This study corroborates the burden of obesity as an additional risk factor in pregnant women with GD as it increases the risk of complications, fetal macrosomia and neonatal morbidities, with impaired metabolic control. Closer surveillance of these pregnancies should be reinforced, so that we can prevent maternal and neonatal adverse outcomes.

Portuguese abstract

Introdução: Tanto a obesidade como a diabetes gestacional (DG) são fatores de risco independentes para várias complicações da gravidez e desfechos neonatais adversos. Com o aumento da incidência de síndrome metabólica, o número de grávidas que apresentam simultaneamente DG e obesidade é crescente. O objetivo deste estudo foi comparar os resultados obstétricos e perinatais entre dois grupos de grávidas com DG – grupo 1 (G1) com Índice de massa corporal (IMC) normal (18,5-24,9 Kg/m2) e grupo 2 (G2) com obesidade (IMC ≥ 30 Kg/m2). Métodos: Tratou-se de um estudo retrospetivo e comparativo entre os dois grupos (G1, n=284; G2, n=235). Foram critérios de inclusão gestações unifetais, com vigilância na instituição entre 2012-2018, excluindo-se processos incompletos. As variáveis estudadas foram: dados demográficos, antecedentes de diabetes em familiares de primeiro grau, DG prévia, macrossomia fetal anterior, idade gestacional no diagnóstico de diabetes, aumento ponderal durante a gravidez, complicações maternas, fetais e neonatais, controlo metabólico e terapêutica instituída, dados do parto e prova de tolerância à glicose oral (PTGO) de reclassificação. Na análise estatística comparativa (p<0,05 como nível de significância) utilizaram-se os testes qui-quadrado, Fisher, Kolmogorov-Smirnov e Teste-t. Resultados: No G2 verificou-se maior incidência de antecedentes familiares de diabetes, antecedentes de DG e macrossomia anterior (46 vs 31%, 16 vs 6%, 11 vs 4%, p<0,05). No G2 verificou-se uma tendência de diagnóstico mais precoce da DG (p<0,05), o aumento ponderal excessivo foi superior (36 vs 13%, p<0,05) e o controlo metabólico mais difícil de atingir, com maior necessidade de instituição terapêutica farmacológica (53 vs 24% no G1, p<0,05). A hipertensão crónica foi mais comum no G2, sem diferenças estatisticamente significativas no desenvolvimento de pré-eclâmpsia. A idade gestacional no parto foi semelhante entre grupos, mas o G2 apresentou maiores taxas de cesariana (37 vs 23%, p<0,05). O IMC normal associou-se com maior frequência a baixo peso ao nascimento (10 vs 5%, p<0,05), enquanto a obesidade se associou a macrossomia (8 vs 1%, p<0,05). O G2 apresentou uma taxa superior de hipoglicemia neonatal e síndrome de dificuldade respiratória, sem diferenças na necessidade de internamento em unidade de cuidados neonatais. A prova de reclassificação revelou-se maioritariamente normal nos dois grupos, sem diferenças significativas. Discussão e conclusão: Este estudo corrobora a importância da obesidade como fator de risco acrescido nas grávidas com DG, tanto para complicações da gravidez como para maior dificuldade no controlo metabólico, maior risco de macrossomia fetal e de algumas complicações neonatais. Assim, reforça-se a necessidade de uma vigilância hospitalar adequada destas grávidas para prevenir desfechos neonatais adversos.

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